domingo, 8 de junho de 2025

Cordel na Ibifeirinha (Ibiapina - CE)


 "Se a Ibiapaba não vem ao Cordel, o Cordel vai à Ibiapaba". Parafraseando um antigo ditado árabe (Se a montanha não vem a Maomé, Maomé vai à montanha), foi isso o que aconteceu. Após São Benedito, foi a vez de o Cordel ir até Ibiapina, uma aconchegante cidade na Serra da Ibiapaba.


Ontem à noite (07.06) - a convite do amigo Dieguinho, produtor cultural de São Benedito - visitei a Ibifeirinha , a tradicional feirinha da Ibiapina que acontece sempre no primeiro sábado do mês. Foi a primeira vez que marquei presença, e fiquei encantado com a organização: música, artesanato, arte (pinturas em tela) comidas típicas, livros e cordéis. Pois é, cordéis. Essa parte foi comigo.

E pra falar a verdade, fiquei surpreso com a aceitação do Cordel na Ibiapina - crianças, jovens e adultos paravam na banca e exclamavam: "Olha, cordel!" Uns compravam, outros o admiravam; e durante todo o evento, que foi de cinco da tarde às nove da noite, não faltou movimento.

Conversando com algumas pessoas mais idosas, fiquei sabendo que o Cordel foi bem popular na cidade no século passado (antigo romance), quando um certo senhor trazia folhetos do Juazeiro para vender na feira. Mas agora estava praticamente extinto. Segundo uma estudante, só se vê cordel por lá quando alguma professora o leva para sala de aula.

Agora eles sabem que o Cordel ainda existe, e bem pertinho deles.

Parabéns aos organizadores da Ibifeirinha, e obrigado pelo acolhimento. Com certeza, voltarei.













 


domingo, 25 de maio de 2025

Projeto de Leitura "Minha Escola Lê" na Escola Dep. Manoel Rodrigues

Na última sexta-feira (23.05.2025), fizemos a Abertura do Projeto Minha Escola Lê, na Escola Deputado Manoel Rodrigues - Varjota - um Projeto proposto pela Secretaria de Educação.

O evento iniciou logo na primeira aula do dia com o 9º Ano e, a seguir, com o 8º Ano A, que fizeram a maior festa quando viram a quantidade de livros expostos no espaço preparado para este fim.

A ideia era ficar até o final da aula que antecede o recreio, mas fomos surpreendidos pelos demais alunos das outras turmas, que também se deliciaram com a exposição, que contava com exemplares de diferentes gêneros literários (nacionais e internacionais), inclusive Machado de Assis, Rachel de Queiroz, Jorge Amado, José de Alencar, José Lins do Rego,  Julio Verne, Dostoiévski, Agatha Christie, e autores contemporâneos, como Mailson Furtado, João Rodrigues, entre tantos outros.

Por fim, mais de 100 estudantes levaram livros para lerem em casa, mostrando que gostam de ler, sim (ao contrário do que muitos dizem), basta que criemos oportunidades para que a leitura aconteça.

Se minha Escola lê, meus alunos se desenvolvem.

E viva a leitura!
















terça-feira, 6 de maio de 2025

Encontro de Escritores em São Benedito


A Literatura sempre me encantou; e continua me encantando. Ler, escrever, reescrever, revisar são coisas do meu cotidiano, não profissionalmente, mas como um meio de lazer, até.

Outra coisa que acho maravilhosa são os saraus, os encontros de poetas e escritores para declamar poemas e trocar experiências, falar de livros, de escrita, deste fantástico mundo do pensar e criar mundos.

No último sábado (03.05.2025), tive a alegria de participar de um Encontro de Escritores em São Benedito. Havia escritores e poetas de São Benedito, Carnaubal, Ipu, Guaraciaba, Reriutaba e Groaíras. O momento aconteceu de uma forma bem descontraída no Mais Café Restaurante. 

Foi um momento de muita interação com declamação de poemas, bate-papo, venda e trocas de livros e cordéis e muita alegria por encontrarmos velhos amigos e conhecermos novos.

O Encontro foi organizado pelo agitador cultural Dieguinho, de São Benedito.














quinta-feira, 1 de maio de 2025

"Sapucaia: o valentão" vence na Categoria Esquete Teatral


 

A Escola Deputado Manoel Rodrigues arrebatou o 1º Lugar na Categoria Esquete Teatral com "Sapucaia, o Valentão", escrita pelos professores João Rodrigues e Naldinho Costa, baseada/adaptada na peça "Sapucaia", do Grupo Teatral Os Birutas, de Varjota.

Os ensaios foram dirigidos pelos professores João Rodrigues, Naldinho Costa e Natasha Valentina, atriz varjotense que também dirigiu os atores e atrizes de nossa escola e os levou ao título.

O elenco foi composto por Abinadabe (Zé Viola), Thomas Paulo (Mundico da Birosca), Cauã (Pedro Jucá), Lukas (Chico Mufumbo), Paulo Ricardo (Chicó das Candongas), João Vitor (Sapucaia/ Zé do Caixão) e Yehude (Marreta). Professor Borges fez a gravação de voz.

Após vencer no âmbito municipal, o Grupo foi convidado para se apresentar na Mostra de Teatro de Varjota, na Casa Criar, de Mailson Furtado. E como prêmio, os participantes ganharam o direito de ir a uma excursão a Fortaleza, para conhecer a Livraria BECE e o Centro Cultural Dragão do Mar.

Obs: Na primeira apresentação da esquete, que foi a culminância ainda na Escola e que aconteceu na Quadra do CERU, o personagem Sapucaia/ Zé do Caixão foi representado pelo professor Naldinho Costa. Já nas etapas seguintes, teria quer ser apenas alunos. Então, o aluno João Vitor fez esse papel.

Após as fotos, veja o texto da Peça na íntegra.




SAPUCAIA, O VALENTÃO (Baseada na peça “Sapucaia”, do Grupo Teatral Os Birutas)

 

AUTORES: JOÃO RODRIGUES E NALDINHO COSTA

Personagens: Zé do Caixão (Sapucaia), Mundico da Birosca (Dono do Mercantil), Zé Viola (Cantador), Chico Mufumbo (1º brigador), Pedro Jucá (2º brigador), Chicó das Candongas (esperto), Marreta (Primo magricela).

CENA I

(Entra Zé da Viola, que ajeita o cabelo com um pente, e apresentando, em versos, o que vai acontecer durante a esquete)

ZÉ VIOLA

Eu me chamo Zé Viola

Sou o melhor deste chão

Mas não sou apenas bom

Sou bonito, bonitão

Fui chamado pra cantar

E também apresentar

Sapucaia, O Valentão.

 

MUNDICO DA BIROSCA(Entra, limpando o balcão e conferindo o caderno do Fiado). Eita diacho, que o Caderno do Fiado tá cada dia mais cheio. Fiado é que nem fuxico, pode até diminuir, mas num se acaba. Meu Deus!

 

(Entra Sapucaia limpando as unhas com uma faca)

 

SAPUCAIA(Zangado, batendo no balcão) Eita, que hoje eu tô doido por uma briga de foice! Cadê o dono dessa bodega? Bote logo uma cachaça pra mim e anote no caderno do Fiado.

 

MUNDICO DA BIROSCA (Falando com medo) – Bom dia, Seu Zé do Caixão. Aqui não vendo cachaça não, hômi. É um mercantil e não uma bodega. Taí o nome: Mercantil Bem No Ar.

 

SAPUCAIA – (Zangado) Eu num sei ler e tenho raiva de quem sabe. Só num vou virar esse balcão de cabeça pra baixo em respeito ao senhor. Mas a vontade é grande. (Senta, folheando uma agendinha)

 

MUNDICO DA BIROSCA – (Oferece um café) Pois aceite um cafezinho. É por conta da casa.

 

 

CENA II

(Entra Chico Mufumbo)

 

CHICO MUFUMBO – Bom dia, seu Mundico! Como é que tá sua bodega? Vendendo muito?

 

MUNDICO DA BIROSCA – Que nada, seu Chico Mufumbo... Fiado demais! E não é bodega, é Mercantil Bem No Ar. Taí o nome (Aponta para o nome do Mercantil).

 

CHICO MUFUMBO – Bote um cafezinho pra mim e anoite aí no caderno. (Olha para Sapucaia e pergunta) – Quem é estezinho aí? (Marrento) Eita que tô doido pra brigar hoje!

 

MUNDICO DA BIROSCA – (Chama Chico à parte) Hômi, tu tá doido? Esse é Zé do Caixão, o cabra mais brabo da Varjota. Ele é neto do Zeca Furo Bucho, o maior brigador dos tempos da construção do açude. Mas nem pense em chamar ele de Sapucaia.

 

ZÉ VIOLA

 

O fuá que vai rolar

Vocês nem queiram saber

Se tiver gente medrosa

Então é melhor correr

Pois não vai demorar muito

E o tabefe vai comer.

 

CHICO MUFUMBO – (Se dirige ao Sapucaia) Tá olhando o que nessa caderneta, hein, Zé do Caixão?

 

SAPUCAIA – (Com cara de zangado) Tô aqui contando os safados que já mandei pro outro mundo. E tô vendo que ainda tem vaga pra mais um.

 

MUNDICO DA BIROSCA – (Se aproxima, tentando evitar uma confusão). Homens, se acalmem. Não briguem aqui dentro não.

 

CHICO MUFUMBO – Então esse é o valentão Sapucaia?

 

SAPUCAIA – (Se levanta brabo) Tu me chamou de quê? Repete, se tu for hômi!

 

CHICO MUFUMBO – Sapucaia!

 

(Sapucaia dá uma soco no Chico Mufumbo, que se abaixa e o soco atinge o pé da orelha do Mundico, que cai. Mas o segundo soco acerta Chico Mufumbo, que sai correndo. Os outros dois retornam aos seus lugares)

 

 

CENA III

 

(Entra Pedro Jucá, assobiando)

 

PEDRO JUCÁ – Bom dia, Seu Mundico.

 

MUNDICO DA BIROSCA – Bom dia, Seu Pedro Jucá.

 

PEDRO JUCÁ – Bote aí um cafezinho pra mim e anote no seu caderno. Sua birosca tá que é uma beleza!

 

MUNDICO DA BIROSCA – (Irritado) Ai, meu Deus! Fiado de novo! Num aguento mais. Isso aqui é um Mercantil. (Aponta para o nome) É Mercantil Bem No Ar. (Serve o café)

 

PEDRO JUCÁ – (Se vira pra Sapucaia, que está limpando as unhas com uma faca) E tu, tá fazendo o que aí?

 

SAPUCAIA (Irritado) Tô rezando. Tá cego?

 

 

(Entra Zé Viola)

 

Quem bulir com Sapucaia

Já pode se preparar

É melhor sair correndo

Se não quiser apanhar

Pelo jeito que tô vendo

O tabefe vai cantar.

 

MUNDICO DA BIROSCA – (Chama Pedro à parte). Hômi, fique quieto. Esse é o Sapucaia, o hômi mais valente da Varjota.

 

PEDRO JUCÁ – Pois num é à toa que me chamo Pedro Jucá. Comigo é assim, escreveu num leu, o pau comeu, né, Sapucaia?

 

SAPUCAIA (Se levanta, Irritado) Ah, fi da peste! Pois prepara as orelhas que agora tu vai apanhar! (Dá um tabefe em Pedro, que se abaixa e acerta em Mundico. Mas no segundo acerta. E Pedro sai correndo. Os outros dois voltam pra seus lugares).

 

MUNDICO – (Esfregando a orelha) Ô meu Deus! Pelo jeito que tô vendo, vou sair daqui hoje sem as orelhas.

 

(Entra Chicó das Candongas)

 

CHICÓ DAS CANDONGAS – Bom dia, Seu Mundico. Meu cumpadi! Meu amigo! Como vai seu Mercantil? Deve tá muito bem. Até o nome é bonito: Bem No Ar.

 

MUNDICO – (Feliz) Bom dia, Seu Chicó das Candongas. Até que enfim alguém reconheceu esse meu mercantil. Tá bem, graças a Deus. (Oferece um cafezinho). Pois aceite um cafezinho. É por conta da casa. Mas pelo amor de Deus, não chame aquele homem de Sapucaia. (Aponta para Sapucaia) Minhas orelhas já não aguentam mais.

 

CHICÓ DAS CANDONGAS – Pois chamo. Num é a toa que sou o homem mais esperto desta cidade. E se ele se zangar, boto ele pra correr. Vamos apostar?

 

MUNDICO – pois vamos. Você vai ver como você vai se ferrar. Vamos apostar 50.

 

(Casam o dinheiro)

 

CHICÓ DAS CANDONGAS – (Começa a jogar umas pedrinhas pra cima)

 

SAPUCAIA – (Curioso) Tá fazendo o quê aí, seu cabra?

 

CHICÓ DAS CANDONGAS – É um sapo. E eu quero que ele caia.

 

MUNDICO – (Com medo) minha Nossa Senhora Protetora das Bodegas. Isso vai dá confusão.

 

CHICÓ DAS CANDONGAS – (Em voz alta) Sapo, caia. Sapo, caia. Sapo, caia. Sapucaia. Sapucaia.

 

SAPUCAIA – Tá me insultando é? Olha que dou dois mortal pra trás, dois mortal pra frente e ainda te  quebro os dentes.

 

(Entra Zé Viola)

 

 

ZÉ VIOLA

 

Pelo jeito que tô vendo

Vai ter outra confusão

Mas a cena que está vindo

Vai nos dar uma lição

Pois para um valente sempre

Terá outro valentão.

 

CHICÓ DAS CANDONGAS – Rapaz, um cabra como você não sujo nem as mãos. Vou chamar aqui o meu primo, que já botou mais de cem pra correr, o Marreta. (Puxa o celular e liga) Marreta, corre aqui no Mercantil Bem No Ar, na rua do Pipoco. Tem um cara metido a valentão aqui.

 

(A voz de Marreta no telefone) – Meu primo, segura esse valentão aí que já dou uma lição nele.

 

SAPUCAIA – Pois deixa ele chegar aqui, que vou me preparar agora. Vocês vão ver a briga do século! (Fica se aquecendo pra luta ao som da música de Rock, o Lutador)

 

(Entra o Marreta, um magricela).

 

MARRETA – Quem é o valentão aí, que eu boto já pra correr? 

 

(Quando Sapucaia o vê, se ajoelha e começa a implorar) – Valha meu Deus do céu, minha Nossa Senhora, meu São Francisco da Gruta, é o Marreta! Alguém me ajude! (Corre e salta no colo de alguém)

 

MARRETA – Então é esse, o valentão Sapucaia, o mais brabo de Varjota? (Fica às gargalhadas, enquanto seu Mundico fica com cara de decepção)

 

CHICÓ DAS CANDONGAS – Eu num te disse que meu primo era brabo. Passe meus cinquentinha pra cá. (Sai abraçado com o primo)

 

 

FIM

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



"O nascer de uma Cidade" vence na Categoria Esquete Teatral

 


A arte pulsa nas veias do povo varjotense! Literatura, teatro, dança, desenho, música... veem-se estampados no rosto da cidade. Acaba que esse gosto respinga nas escolas. Ou será que são as escolas que fazem surgir esse gosto? 

Dúvidas à parte, a verdade que aqui prevalece é a da primeira oração do texto: "A arte pulsa nas veias do povo varjotense!" E para confirmar esta afirmativa, a Culminância do Projeto "Varjota 40 anos de história política - da Antiga Vila aos dias atuais" veio jogar isso na cara de quem ainda duvida, quando várias escolas se apresentaram no Centro de Convenções de Varjota, na noite de 25 de abril.

Nesse momento de apresentações e premiações, a Escola Deputado Manoel Rodrigues foi bicampeã na modalidade Esquete Teatral (além de outras conquistas) com "O nascer de uma cidade", escrita pelos Professores Naldinho Costa e João Rodrigues, e dirigida por Alex Gomes, que fez um belíssimo trabalho. Os atores e atrizes são alunos do 7º 8º e 9º Ano - dez estudantes, no total.

No ano passado, a Escola também conquistou o título de campeã com a peça "Sapucaia, o valentão", também escrita por João Rodrigues e Naldinho Costa, adptada/baseada na peça "Sapucaia", do Grupo Os Birutas, de Varjota. Para ver a matéria sobre "Sapucaia", é só acessar este link. https://uruliterario.blogspot.com/2025/05/sapucaia-o-valentao-vence-na-categoria.html 

Veja a Esquete na íntegra, após as fotos.

Obs: Os direitos autorais das 5 primeiras fotos abaixo relativas à esquete pertencem à Secretaria de Cultura de Varjota.










O NASCER DE UMA CIDADE

 

A esquete conta a história da Emancipação de Varjota, que, até então, era distrito de Reriutaba.

 NARRADOR:

 Sou filho de Reriutaba

Mas vi Varjota brotar

Crescer e ter seu progresso

Vi todo o seu caminhar

Hoje tenho o desafio

De tudo continuar.

 

Minhas senhoras, senhores

Atenção! Muita atenção!

Vou relatar uma história

Que causou muita emoção

Foi quando Varjota teve

A sua emancipação.

 

Distrito de Reriutaba

Com 13 mil habitantes

Em constante crescimento

Com vários comerciantes

Além do açude e o DNOCS

Dois fatores relevantes.

 

Então nossas lideranças

Quiseram se emancipar

Ter Varjota independente

Pra nosso povo cuidar

Na primeira tentativa

Tiveram que recuar.

GENTIL PIRES – (Discursando para o povo) Meu povo do meu querido Araras, não podemos continuar assim. Precisamos nos tornar independentes. Temos muitas riquezas. Podemos viver por conta própria. Desta vez não deu certo. Mas da próxima dá.

 POVO – É isso!!!! Não vamos desistir!!!!

 NARRADOR

Ivan Rego e João Ximenes

Naquele tempo de outrora

Brigaram pelo poder

E Gentil disse “É agora

Preparam-se ararenses

Porque chegou nossa hora”.

 GENTIL PIRES(Reúne o povo novamente) Meu povo do meu querido Araras, chegou nossa vez. É agora ou nunca.

 GENTIL MAGALHÃES – Vamos fazer um plebiscito. Vamos nos separar dos surrão. Vamos votar, meu povo! Espalhem a notícia.

 POVO(Gritando) Separa! Separa! Separa!

 FEIRANTE DE RERIUTABA(Chega com um filho) Bom dia, cumade. Qual são as novas?

 FEIRANTE DE VARJOTA(Com a filha do lado) Bom dia. Cumade, tão falando num tal de pledisquito.

 (A moça e o rapaz ficam ao lado, conversando)

 FEIRANTE DE RERIUTABA(Admirado) Ple de quê, Cumade?

 FEIRANTE DE VARJOTA – Um negócio aí, Cumade. Nem sei dizer o nome. É pra separar o Araras, que vocês chamam de biquara, de Reriutaba, os surrãos.

 FEIRANTE DE RERIUTABA – O Cumade quer dizer que vão separar o Araras de Reriutaba, é isso?

 FEIRANTE DE VARJOTA – Isso.

 FEIRANTE DE RERIUTABA – Mas isso num dá certo, Cumade. (Pensando) Bem que ouvi dizer por aí que quem tá na frente das coisas aí é o Gentil Pires, o Gentil Magalhães, Seu Neto, o Dr. Américo. E dizem que tem uma força grande na Capital – o Pinheiro Landim, um deputado forte. Você ouviu falar?

FEIRANTE DE VARJOTA – Ouvi falar sim. Dizem também que tem uma briga grande em Reriutaba; tem é dois prefeitos: Ivan Rego e João Ximenes. E agora quem manda é um tal de interventor chamado Ivo Sá, um forasteiro. (Animado) A hora é agora. Vamos aproveitar.

FEIRANTE DE RERIUTABA(Irritado) Vocês num têm como viver sem nós, Cumade. Um bando de biquara sem ter nem onde cair morto. Aqui tudo é de nós. Até o açude é de nós.

(O casal de jovem, ao lado, conversas)

 FILHO – Ei, biquarinha, vamos aproveitar que nossas mães estão brigando e vamos conversar aqui. (Pisca o olho)

FILHA(Se fazendo de difícil, envergonhada) Eu acho que minha mãe não vai gostar. (Ficam pegados na mão, meio achanhados)

FEIRANTE DE VARJOTA(Reaje) Quem num tem é vocês. O açude é de nós! Aqui tudo é de nós!

 FEIRANTE DE RERIUTABA(Puxa o filho pelo braço) Rumbora, meu filho. Num quero que filho meu se misture com uma biquara. (Sai irritado)

 FEIRANTE DE VARJOTA(Fala quase gritando) Eu é que num quero filha minha misturada com surrão. Vai pra baixa da égua, surrão véi!

 NARRADOR

E assim muito depressa

Foi o boato espalhado

Correndo de boca a boca

Nas bodegas, no mercado

Sem demora, o plebiscito

Depressa foi preparado.

(Os eleitores se dirigem à cabine de votação do Plebiscito (Fazer cenário e deixar um espaço maior na música). Após a votação, os dois Gentil dão a notícia ao povo) [Arranjar uma urna antiga, de lona com Fransquinha Nogueira]

 GENTIL PIRES – Atenção povo do meu querido Araras, o resultado saiu.

 GENTIL MAGALHÃES(Com o resultado em um papel). Mais de 9 mil pessoas disseram sim.

 GENTIL PIRES -  O Araras está livre pra ser uma grande cidade!!!

 NARRADOR

No ano de 84

Dia 21 de abril

Foi votado o plebiscito

Liderado por Gentil

O Araras virou festa

A melhor que já se viu

 

A farra continuou

O povo estava animado

O assunto plebiscito

Foi muito comemorado

Pois celebravam bastante

O sonho realizado

 POVO – (Em coro pelas ruas com placas) Uh, uhu, o Araras é nosso! Uh, uhu, o Araras é nosso! Uh, uhu, o Araras é nosso!

  SEGUNDA PARTE

 NARRADOR

Agora outro problema

Tinha que ser decido

Qual nome dá à cidade

Algum que desse sentido

Após muita discussão

Ficou tudo resolvido.

 (Numa roda de conversa, numa mesa, as autoridades políticas reriutabenses e varjotenses discutem o nome)

 POLÍTICO DE VARJOTA – Queremos que fique Araras, que já estamos acostumados.

 POLÍTICO DE RERIUTABA – Não pode. Já existe um Araras em São Paulo. Pela lei, não pode. Então sugerimos Arariutaba, que leva o nome da cidade-mãe e da cidade-flha.

POLÍTICO DE VARJOTA(Irritado) Esse nome é horrível! Além do mais, nós somos independentes. Então nós é que vamos escolher o nome de NOSSA cidade. Vamos fazer uma homenagem a nossa pequena várzea. Será chamada de Varjota. Pronto!

(A mesa se desfaz)

NARRADOR

E o povo varjotense

Com sua firme opinião

Deu o nome de Varjota

E foi esta a decisão

Agora se preparavam

Para a primeira eleição

 

Nas ruas a dúvida corria

Quem devia ser o prefeito

Tinham que escolher os nomes

Para disputar o pleito

E na primeira eleição

Gentil Pires foi eleito

 (Entra Gentil Pires, com a faixa de Prefeito no peito, discursando para o povo. (O povo vibra e sai.)

 GENTIL PIRES - Varjota, minha criancinha, agora vamos transformar você numa grande cidade. DUAS MIL E CINQUENTA E CINCOS pessoas me escolheram nas urnas, contra DUAS MIL E DOZE que votaram contra. Mas minha querida Varjota, vou governar para todos.

 (Entram os compositores do Hino e sentam-se a uma mesa.)

 

NARRADOR

Valney, Bi Martins, Dos Santos

Se sentaram lado a lado

Pois o Hino da cidade

Precisava ser criado

E os artistas varjotenses

Souberam dar o recado.

 (Dos Santos canta um trecho do hino, Bi Martins faz acorde de violão e Valney faz acorde no teclado. Após os compositores derem OK, o narrador continua)

 

Diversas composições

O Concurso recebeu

Na Câmara Municipal

A escolheu ocorreu

E estes compositores

Foi o grupo que venceu.

 (Os compositores comemoram e o resultado e saem. Após a saída deles, o narrador continua)

 NARRADOR

Assim a jovem Varjota

Pouco a pouco foi crescendo

Cresceu a infraestrutura

Escolas foram nascendo

Lazer, esporte e cultura

Foram se desenvolvendo

 

Desenvolveu-se o turismo

A Culinária brotou

A nossa Literatura

Um Jabuti já ganhou

Varjota ganhou o mundo

Até na Europa chegou.

 

Reriutaba compreendeu

A nossa emancipação

Acabou-se aquela rixa

Hoje impera a união

Houve muitos casamentos

Entre biquara e surrão.

 (Entra o casal, filhos dos feirantes)

 RAPAZ (Olhando nos olhos da moça, diz) – Você é a biquarinhaa que completa o meu surrão.

 MOÇA – Ó meu surrãozinho... você me faz sentir mais segura. (Saem de mãos dadas)

Toca o hino de Varjota com o desfile de todos os prefeitos.

 

1º Gentil Pires (1986 – 1988)

2º Gentil Magalhães (1989 – 1992)

3º Francisco Diassis (1993-1996)

4º Gentil Pires (1997-2000); Moacir Farias (jun a dez. 2000); Elezion Camelo (Prefeito interino)

5º e 6ª Gentil Magalhães (2001-2008)

7º e 8º Rosa Cândida (2009-2016)

9º Francisca Célia (2017 a 2020)

10º Elmo Monte (2021 aos dias atuais)

 Vemos que nossa cidade

É cheia de luta e glória

Sou feliz por fazer parte

Da sua bonita história

E como atual prefeito

Eu tenho orgulho no peito

Por toda esta trajetória.

 

FIM

 

(Música “Oásis do Sertão)

(Atrizes e atores cumprimentam o público.

 

Personagens:

Narrador: Allan

Gentil Pires: Tiago

Gentil Magalhães: Emanuel

Feirante da Varjota: Yasmin

Feirante da Reriutaba: Sarah

Filha da Feirante da Varjota: Marlene

Filho da Feirante de Reriutaba: Kayki

Política da Reriutaba: Safira

 

PREFEITOS: Não têm fala; só desfilam

Elmo Monte: Allan

Gentil Pires: Tiago

Gentil Magalhães: Emanuel

Francisco Diassis: Pedro Igor

Rosa Cândida: Safira

Francisca Célia: Thábata

 

Escritores da Peça: Professores Naldinho Costa e João Rodrigues; Diretor: Alex Gomes.