A Escola Deputado Manoel Rodrigues arrebatou o 1º Lugar na Categoria Esquete Teatral com "Sapucaia, o Valentão", escrita pelos professores João Rodrigues e Naldinho Costa, baseada/adaptada na peça "Sapucaia", do Grupo Teatral Os Birutas, de Varjota.
Os ensaios foram dirigidos pelos professores João Rodrigues, Naldinho Costa e Natasha Valentina, atriz varjotense que também dirigiu os atores e atrizes de nossa escola e os levou ao título.
O elenco foi composto por Abinadabe (Zé Viola), Thomas Paulo (Mundico da Birosca), Cauã (Pedro Jucá), Lukas (Chico Mufumbo), Paulo Ricardo (Chicó das Candongas), João Vitor (Sapucaia/ Zé do Caixão) e Yehude (Marreta). Professor Borges fez a gravação de voz.
Após vencer no âmbito municipal, o Grupo foi convidado para se apresentar na Mostra de Teatro de Varjota, na Casa Criar, de Mailson Furtado. E como prêmio, os participantes ganharam o direito de ir a uma excursão a Fortaleza, para conhecer a Livraria BECE e o Centro Cultural Dragão do Mar.
Obs: Na primeira apresentação da esquete, que foi a culminância ainda na Escola e que aconteceu na Quadra do CERU, o personagem Sapucaia/ Zé do Caixão foi representado pelo professor Naldinho Costa. Já nas etapas seguintes, teria quer ser apenas alunos. Então, o aluno João Vitor fez esse papel.
Após as fotos, veja o texto da Peça na íntegra.
SAPUCAIA,
O VALENTÃO (Baseada na peça “Sapucaia”, do Grupo Teatral Os Birutas)
AUTORES:
JOÃO RODRIGUES E NALDINHO COSTA
Personagens:
Zé do Caixão (Sapucaia), Mundico da Birosca (Dono do Mercantil), Zé Viola
(Cantador), Chico Mufumbo (1º brigador), Pedro Jucá (2º brigador), Chicó das
Candongas (esperto), Marreta (Primo magricela).
CENA
I
(Entra
Zé da Viola, que ajeita o cabelo com um pente, e apresentando, em versos, o que
vai acontecer durante a esquete)
ZÉ VIOLA
–
Eu
me chamo Zé Viola
Sou
o melhor deste chão
Mas
não sou apenas bom
Sou
bonito, bonitão
Fui
chamado pra cantar
E
também apresentar
Sapucaia,
O Valentão.
MUNDICO DA BIROSCA – (Entra,
limpando o balcão e conferindo o caderno do Fiado). Eita diacho, que o
Caderno do Fiado tá cada dia mais cheio. Fiado é que nem fuxico, pode até
diminuir, mas num se acaba. Meu Deus!
(Entra
Sapucaia limpando as unhas com uma faca)
SAPUCAIA – (Zangado,
batendo no balcão) Eita, que hoje eu tô doido por uma briga de foice! Cadê
o dono dessa bodega? Bote logo uma cachaça pra mim e anote no caderno do Fiado.
MUNDICO DA BIROSCA (Falando
com medo) – Bom dia, Seu Zé do Caixão. Aqui não vendo cachaça não,
hômi. É um mercantil e não uma bodega. Taí o nome: Mercantil Bem No Ar.
SAPUCAIA – (Zangado)
Eu num sei ler e tenho raiva de quem sabe. Só num vou virar esse balcão de
cabeça pra baixo em respeito ao senhor. Mas a vontade é grande. (Senta, folheando uma agendinha)
MUNDICO DA BIROSCA – (Oferece um café) Pois aceite um
cafezinho. É por conta da casa.
CENA II
(Entra
Chico Mufumbo)
CHICO MUFUMBO – Bom dia, seu
Mundico! Como é que tá sua bodega? Vendendo muito?
MUNDICO DA BIROSCA – Que nada, seu
Chico Mufumbo... Fiado demais! E não é bodega, é Mercantil Bem No Ar. Taí o
nome (Aponta
para o nome do Mercantil).
CHICO MUFUMBO – Bote um
cafezinho pra mim e anoite aí no caderno. (Olha para Sapucaia e pergunta) –
Quem é estezinho aí? (Marrento) Eita que tô doido pra
brigar hoje!
MUNDICO DA BIROSCA – (Chama Chico à parte) Hômi, tu tá
doido? Esse é Zé do Caixão, o cabra mais brabo da Varjota. Ele é neto do Zeca
Furo Bucho, o maior brigador dos tempos da construção do açude. Mas nem pense
em chamar ele de Sapucaia.
ZÉ VIOLA
O
fuá que vai rolar
Vocês
nem queiram saber
Se
tiver gente medrosa
Então
é melhor correr
Pois
não vai demorar muito
E
o tabefe vai comer.
CHICO MUFUMBO – (Se dirige ao Sapucaia) Tá olhando o que nessa caderneta, hein,
Zé do Caixão?
SAPUCAIA – (Com cara de zangado) Tô aqui contando os safados que já
mandei pro outro mundo. E tô vendo que ainda tem vaga pra mais um.
MUNDICO DA BIROSCA – (Se aproxima, tentando evitar uma confusão). Homens, se
acalmem. Não briguem aqui dentro não.
CHICO MUFUMBO – Então esse é
o valentão Sapucaia?
SAPUCAIA – (Se levanta brabo) Tu me chamou de quê? Repete, se tu for hômi!
CHICO MUFUMBO – Sapucaia!
(Sapucaia
dá uma soco no Chico Mufumbo, que se abaixa e o soco atinge o pé da orelha do
Mundico, que cai. Mas o segundo soco acerta Chico Mufumbo, que sai correndo. Os
outros dois retornam aos seus lugares)
CENA III
(Entra
Pedro Jucá, assobiando)
PEDRO JUCÁ – Bom dia, Seu
Mundico.
MUNDICO DA BIROSCA – Bom dia, Seu
Pedro Jucá.
PEDRO JUCÁ – Bote aí um
cafezinho pra mim e anote no seu caderno. Sua birosca tá que é uma beleza!
MUNDICO DA BIROSCA – (Irritado) Ai, meu Deus!
Fiado de novo! Num aguento mais. Isso aqui é um Mercantil. (Aponta para o
nome) É Mercantil Bem No Ar. (Serve o café)
PEDRO JUCÁ – (Se vira pra Sapucaia, que está limpando as unhas com uma faca) E tu, tá fazendo
o que aí?
SAPUCAIA – (Irritado)
Tô rezando. Tá cego?
(Entra Zé Viola)
Quem
bulir com Sapucaia
Já
pode se preparar
É
melhor sair correndo
Se
não quiser apanhar
Pelo
jeito que tô vendo
O
tabefe vai cantar.
MUNDICO DA BIROSCA – (Chama Pedro à parte). Hômi, fique
quieto. Esse é o Sapucaia, o hômi mais valente da Varjota.
PEDRO JUCÁ – Pois num é à
toa que me chamo Pedro Jucá. Comigo é assim, escreveu num leu, o pau comeu, né,
Sapucaia?
SAPUCAIA – (Se
levanta, Irritado) Ah, fi da peste! Pois prepara as orelhas que agora tu vai apanhar! (Dá
um tabefe em Pedro, que se abaixa e acerta em Mundico. Mas no segundo acerta. E
Pedro sai correndo. Os outros dois voltam pra seus lugares).
MUNDICO – (Esfregando a orelha) Ô meu Deus! Pelo jeito que tô vendo, vou
sair daqui hoje sem as orelhas.
(Entra Chicó das Candongas)
CHICÓ DAS CANDONGAS – Bom dia, Seu
Mundico. Meu cumpadi! Meu amigo! Como vai seu Mercantil? Deve tá muito bem. Até
o nome é bonito: Bem No Ar.
MUNDICO – (Feliz)
Bom dia, Seu Chicó das Candongas. Até que enfim alguém reconheceu esse meu
mercantil. Tá bem, graças a Deus. (Oferece um cafezinho). Pois aceite
um cafezinho. É por conta da casa. Mas pelo amor de Deus, não chame aquele
homem de Sapucaia. (Aponta para Sapucaia) Minhas orelhas já não aguentam mais.
CHICÓ DAS CANDONGAS – Pois chamo. Num
é a toa que sou o homem mais esperto desta cidade. E se ele se zangar, boto ele
pra correr. Vamos apostar?
MUNDICO – pois vamos.
Você vai ver como você vai se ferrar. Vamos apostar 50.
(Casam o dinheiro)
CHICÓ DAS CANDONGAS – (Começa a jogar umas pedrinhas pra cima)
SAPUCAIA – (Curioso)
Tá fazendo o quê aí, seu cabra?
CHICÓ DAS CANDONGAS – É um sapo. E
eu quero que ele caia.
MUNDICO – (Com medo) minha Nossa Senhora Protetora das Bodegas. Isso vai
dá confusão.
CHICÓ DAS CANDONGAS – (Em voz alta) Sapo, caia. Sapo,
caia. Sapo, caia. Sapucaia. Sapucaia.
SAPUCAIA – Tá me
insultando é? Olha que dou dois mortal pra trás, dois mortal pra frente e ainda
te quebro os dentes.
(Entra Zé Viola)
ZÉ VIOLA
Pelo
jeito que tô vendo
Vai
ter outra confusão
Mas
a cena que está vindo
Vai
nos dar uma lição
Pois
para um valente sempre
Terá
outro valentão.
CHICÓ DAS CANDONGAS – Rapaz, um
cabra como você não sujo nem as mãos. Vou chamar aqui o meu primo, que já botou
mais de cem pra correr, o Marreta. (Puxa o celular e liga) Marreta, corre
aqui no Mercantil Bem No Ar, na rua do Pipoco. Tem um cara metido a valentão
aqui.
(A voz de
Marreta no telefone) – Meu
primo, segura esse valentão aí que já dou uma lição nele.
SAPUCAIA – Pois deixa
ele chegar aqui, que vou me preparar agora. Vocês vão ver a briga do século! (Fica
se aquecendo pra luta ao som da música de Rock, o Lutador)
(Entra o Marreta, um magricela).
MARRETA – Quem é o valentão
aí, que eu boto já pra correr?
(Quando Sapucaia o vê, se ajoelha e
começa a implorar) – Valha meu Deus do céu, minha Nossa Senhora, meu São
Francisco da Gruta, é o Marreta! Alguém me ajude! (Corre
e salta no colo de alguém)
MARRETA – Então é esse,
o valentão Sapucaia, o mais brabo de Varjota? (Fica às gargalhadas, enquanto
seu Mundico fica com cara de decepção)
CHICÓ DAS CANDONGAS – Eu num te
disse que meu primo era brabo. Passe meus cinquentinha pra cá. (Sai abraçado
com o primo)
FIM
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