quinta-feira, 1 de maio de 2025

"Sapucaia: o valentão" vence na Categoria Esquete Teatral


 

A Escola Deputado Manoel Rodrigues arrebatou o 1º Lugar na Categoria Esquete Teatral com "Sapucaia, o Valentão", escrita pelos professores João Rodrigues e Naldinho Costa, baseada/adaptada na peça "Sapucaia", do Grupo Teatral Os Birutas, de Varjota.

Os ensaios foram dirigidos pelos professores João Rodrigues, Naldinho Costa e Natasha Valentina, atriz varjotense que também dirigiu os atores e atrizes de nossa escola e os levou ao título.

O elenco foi composto por Abinadabe (Zé Viola), Thomas Paulo (Mundico da Birosca), Cauã (Pedro Jucá), Lukas (Chico Mufumbo), Paulo Ricardo (Chicó das Candongas), João Vitor (Sapucaia/ Zé do Caixão) e Yehude (Marreta). Professor Borges fez a gravação de voz.

Após vencer no âmbito municipal, o Grupo foi convidado para se apresentar na Mostra de Teatro de Varjota, na Casa Criar, de Mailson Furtado. E como prêmio, os participantes ganharam o direito de ir a uma excursão a Fortaleza, para conhecer a Livraria BECE e o Centro Cultural Dragão do Mar.

Obs: Na primeira apresentação da esquete, que foi a culminância ainda na Escola e que aconteceu na Quadra do CERU, o personagem Sapucaia/ Zé do Caixão foi representado pelo professor Naldinho Costa. Já nas etapas seguintes, teria quer ser apenas alunos. Então, o aluno João Vitor fez esse papel.

Após as fotos, veja o texto da Peça na íntegra.




SAPUCAIA, O VALENTÃO (Baseada na peça “Sapucaia”, do Grupo Teatral Os Birutas)

 

AUTORES: JOÃO RODRIGUES E NALDINHO COSTA

Personagens: Zé do Caixão (Sapucaia), Mundico da Birosca (Dono do Mercantil), Zé Viola (Cantador), Chico Mufumbo (1º brigador), Pedro Jucá (2º brigador), Chicó das Candongas (esperto), Marreta (Primo magricela).

CENA I

(Entra Zé da Viola, que ajeita o cabelo com um pente, e apresentando, em versos, o que vai acontecer durante a esquete)

ZÉ VIOLA

Eu me chamo Zé Viola

Sou o melhor deste chão

Mas não sou apenas bom

Sou bonito, bonitão

Fui chamado pra cantar

E também apresentar

Sapucaia, O Valentão.

 

MUNDICO DA BIROSCA(Entra, limpando o balcão e conferindo o caderno do Fiado). Eita diacho, que o Caderno do Fiado tá cada dia mais cheio. Fiado é que nem fuxico, pode até diminuir, mas num se acaba. Meu Deus!

 

(Entra Sapucaia limpando as unhas com uma faca)

 

SAPUCAIA(Zangado, batendo no balcão) Eita, que hoje eu tô doido por uma briga de foice! Cadê o dono dessa bodega? Bote logo uma cachaça pra mim e anote no caderno do Fiado.

 

MUNDICO DA BIROSCA (Falando com medo) – Bom dia, Seu Zé do Caixão. Aqui não vendo cachaça não, hômi. É um mercantil e não uma bodega. Taí o nome: Mercantil Bem No Ar.

 

SAPUCAIA – (Zangado) Eu num sei ler e tenho raiva de quem sabe. Só num vou virar esse balcão de cabeça pra baixo em respeito ao senhor. Mas a vontade é grande. (Senta, folheando uma agendinha)

 

MUNDICO DA BIROSCA – (Oferece um café) Pois aceite um cafezinho. É por conta da casa.

 

 

CENA II

(Entra Chico Mufumbo)

 

CHICO MUFUMBO – Bom dia, seu Mundico! Como é que tá sua bodega? Vendendo muito?

 

MUNDICO DA BIROSCA – Que nada, seu Chico Mufumbo... Fiado demais! E não é bodega, é Mercantil Bem No Ar. Taí o nome (Aponta para o nome do Mercantil).

 

CHICO MUFUMBO – Bote um cafezinho pra mim e anoite aí no caderno. (Olha para Sapucaia e pergunta) – Quem é estezinho aí? (Marrento) Eita que tô doido pra brigar hoje!

 

MUNDICO DA BIROSCA – (Chama Chico à parte) Hômi, tu tá doido? Esse é Zé do Caixão, o cabra mais brabo da Varjota. Ele é neto do Zeca Furo Bucho, o maior brigador dos tempos da construção do açude. Mas nem pense em chamar ele de Sapucaia.

 

ZÉ VIOLA

 

O fuá que vai rolar

Vocês nem queiram saber

Se tiver gente medrosa

Então é melhor correr

Pois não vai demorar muito

E o tabefe vai comer.

 

CHICO MUFUMBO – (Se dirige ao Sapucaia) Tá olhando o que nessa caderneta, hein, Zé do Caixão?

 

SAPUCAIA – (Com cara de zangado) Tô aqui contando os safados que já mandei pro outro mundo. E tô vendo que ainda tem vaga pra mais um.

 

MUNDICO DA BIROSCA – (Se aproxima, tentando evitar uma confusão). Homens, se acalmem. Não briguem aqui dentro não.

 

CHICO MUFUMBO – Então esse é o valentão Sapucaia?

 

SAPUCAIA – (Se levanta brabo) Tu me chamou de quê? Repete, se tu for hômi!

 

CHICO MUFUMBO – Sapucaia!

 

(Sapucaia dá uma soco no Chico Mufumbo, que se abaixa e o soco atinge o pé da orelha do Mundico, que cai. Mas o segundo soco acerta Chico Mufumbo, que sai correndo. Os outros dois retornam aos seus lugares)

 

 

CENA III

 

(Entra Pedro Jucá, assobiando)

 

PEDRO JUCÁ – Bom dia, Seu Mundico.

 

MUNDICO DA BIROSCA – Bom dia, Seu Pedro Jucá.

 

PEDRO JUCÁ – Bote aí um cafezinho pra mim e anote no seu caderno. Sua birosca tá que é uma beleza!

 

MUNDICO DA BIROSCA – (Irritado) Ai, meu Deus! Fiado de novo! Num aguento mais. Isso aqui é um Mercantil. (Aponta para o nome) É Mercantil Bem No Ar. (Serve o café)

 

PEDRO JUCÁ – (Se vira pra Sapucaia, que está limpando as unhas com uma faca) E tu, tá fazendo o que aí?

 

SAPUCAIA (Irritado) Tô rezando. Tá cego?

 

 

(Entra Zé Viola)

 

Quem bulir com Sapucaia

Já pode se preparar

É melhor sair correndo

Se não quiser apanhar

Pelo jeito que tô vendo

O tabefe vai cantar.

 

MUNDICO DA BIROSCA – (Chama Pedro à parte). Hômi, fique quieto. Esse é o Sapucaia, o hômi mais valente da Varjota.

 

PEDRO JUCÁ – Pois num é à toa que me chamo Pedro Jucá. Comigo é assim, escreveu num leu, o pau comeu, né, Sapucaia?

 

SAPUCAIA (Se levanta, Irritado) Ah, fi da peste! Pois prepara as orelhas que agora tu vai apanhar! (Dá um tabefe em Pedro, que se abaixa e acerta em Mundico. Mas no segundo acerta. E Pedro sai correndo. Os outros dois voltam pra seus lugares).

 

MUNDICO – (Esfregando a orelha) Ô meu Deus! Pelo jeito que tô vendo, vou sair daqui hoje sem as orelhas.

 

(Entra Chicó das Candongas)

 

CHICÓ DAS CANDONGAS – Bom dia, Seu Mundico. Meu cumpadi! Meu amigo! Como vai seu Mercantil? Deve tá muito bem. Até o nome é bonito: Bem No Ar.

 

MUNDICO – (Feliz) Bom dia, Seu Chicó das Candongas. Até que enfim alguém reconheceu esse meu mercantil. Tá bem, graças a Deus. (Oferece um cafezinho). Pois aceite um cafezinho. É por conta da casa. Mas pelo amor de Deus, não chame aquele homem de Sapucaia. (Aponta para Sapucaia) Minhas orelhas já não aguentam mais.

 

CHICÓ DAS CANDONGAS – Pois chamo. Num é a toa que sou o homem mais esperto desta cidade. E se ele se zangar, boto ele pra correr. Vamos apostar?

 

MUNDICO – pois vamos. Você vai ver como você vai se ferrar. Vamos apostar 50.

 

(Casam o dinheiro)

 

CHICÓ DAS CANDONGAS – (Começa a jogar umas pedrinhas pra cima)

 

SAPUCAIA – (Curioso) Tá fazendo o quê aí, seu cabra?

 

CHICÓ DAS CANDONGAS – É um sapo. E eu quero que ele caia.

 

MUNDICO – (Com medo) minha Nossa Senhora Protetora das Bodegas. Isso vai dá confusão.

 

CHICÓ DAS CANDONGAS – (Em voz alta) Sapo, caia. Sapo, caia. Sapo, caia. Sapucaia. Sapucaia.

 

SAPUCAIA – Tá me insultando é? Olha que dou dois mortal pra trás, dois mortal pra frente e ainda te  quebro os dentes.

 

(Entra Zé Viola)

 

 

ZÉ VIOLA

 

Pelo jeito que tô vendo

Vai ter outra confusão

Mas a cena que está vindo

Vai nos dar uma lição

Pois para um valente sempre

Terá outro valentão.

 

CHICÓ DAS CANDONGAS – Rapaz, um cabra como você não sujo nem as mãos. Vou chamar aqui o meu primo, que já botou mais de cem pra correr, o Marreta. (Puxa o celular e liga) Marreta, corre aqui no Mercantil Bem No Ar, na rua do Pipoco. Tem um cara metido a valentão aqui.

 

(A voz de Marreta no telefone) – Meu primo, segura esse valentão aí que já dou uma lição nele.

 

SAPUCAIA – Pois deixa ele chegar aqui, que vou me preparar agora. Vocês vão ver a briga do século! (Fica se aquecendo pra luta ao som da música de Rock, o Lutador)

 

(Entra o Marreta, um magricela).

 

MARRETA – Quem é o valentão aí, que eu boto já pra correr? 

 

(Quando Sapucaia o vê, se ajoelha e começa a implorar) – Valha meu Deus do céu, minha Nossa Senhora, meu São Francisco da Gruta, é o Marreta! Alguém me ajude! (Corre e salta no colo de alguém)

 

MARRETA – Então é esse, o valentão Sapucaia, o mais brabo de Varjota? (Fica às gargalhadas, enquanto seu Mundico fica com cara de decepção)

 

CHICÓ DAS CANDONGAS – Eu num te disse que meu primo era brabo. Passe meus cinquentinha pra cá. (Sai abraçado com o primo)

 

 

FIM

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



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