domingo, 30 de agosto de 2020

Píer solitário

 



O sol se despede

Sozinho, de novo

Cumpriu sua jornada

Do curso diário

Por trás das montanhas

Dá um último adeus

A seu velho amigo:

Um píer solitário.

O povo de antes que o via partir

Agora está vendo o noticiário.

 

Guaíba, assustada,

Trancou suas portas

No rio não se vê

Um barco ou navio

O mundo também

Fechou-se, com medo

Do mal invisível

Funesto, sombrio

O rio Guaíba tem por companhia

Somente o açoite do vento vadio.

 

Não há mais ninguém

Olhando a beleza

Do sol que se põe

Longe, no poente

Somente um píer

E a velha árvore

Têm o olhar fixo

Só eles, somente.

O vírus mortal, terrível, afastou

Tamanha beleza dos olhos da gente.

 

Tal como chegou

O maldito vírus

Um dia também

Partirá, de repente,

E o povo, outra vez,

Voltará ao píer

Para ver o sol

Morrer no poente

E o sangue da vida pulsará de novo

E a bela Guaíba rirá novamente.


João Rodrigues

Top 10 no Concurso Literário de Guaíba - RS - agosto de 2020

O poema foi construído sobre esta foto (regras do Concurso) 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

JOgue seu comentário no Uru.