quinta-feira, 16 de julho de 2020

Poema "Premonição"




Deitado na rede
Depois do almoço
Assistindo um vídeo
No meu celular
Vi uma menina
Muito angustiada
Falando pra mãe:
“Mãe, vamos rezar
E vamos pedir a Papai do Céu
Que mande depressa o vírus parar.”

Aquela menina
Fechou os olhinhos
E ali começou
A sua oração
Apesar de eu rir,
Por dentro senti
As lágrimas brotarem
Do meu coração
Senti minha alma saindo do corpo
Ligeiro dobrou o joelho no chão.

Larguei o aparelho
Em cima da mesa
Fechei os meus olhos
Por algum momento
Abri a janela
Do meu coração
Clamei por meu Deus
No meu pensamento
Feito a menininha, eu também rezei
Pedi pelo fim deste sofrimento.

Meus olhos correram
Por cima do muro
E viram as garças
No ar livremente
A rua solitária
Estava, em silêncio,
Dormindo na cama
Do asfalto quente
O vírus mortal voando no ar
Sorrindo da cara de medo da gente.


Olhei para um bando
De galo campina
Numa sinfonia
Na árvore trepado
Um pé de mamão
Cheinho de frutos
Como se estivesse
Mandando um recado
Dizendo que a mãe Natureza está livre
E o homem refém da morte, trancado.

De novo peguei
Aquele aparelho
Olhei para ele
Na palma da mão
Senti que aquilo
Era uma mensagem
Talvez um recado
Uma premonição...
Vi a Natureza seguindo seu curso
E o homem correndo risco de extinção.

João Rodrigues – Reriutaba  Ceará  

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