segunda-feira, 22 de outubro de 2018

O POETA















Ser um poeta é ver o mundo de um jeito
Que apenas ele acha um jeito de explicar
Ser um poeta é ver o mundo com um olhar
De quem enxerga com o olhar que tem no peito
Ser um poeta é ver perfeito o imperfeito
É ver o homem em sua pura imperfeição
Saber que ele está sempre em construção
E compreendê-lo nessa sua incompletude
E entender que só é completo em virtude
O grande Mestre, o inventor da criação.

Ser um poeta é enxergar em cada ser
O toque mágico do divino criador
É ter o sonho de um menino sonhador
Que dorme e sonha o doce sonho de viver 
Ser um poeta quase sempre é padecer
De um certo mal que traz no peito, sem pudor
Que arde e queima feito um fogo abrasador
Só é poeta quem já sofreu de paixão
Quem se afogou nos mares da desilusão
Não é poeta quem nunca morreu de amor.

Só é poeta quem um dia sentiu da vida
Todo o seu doce, todo o seu sal e seu fel
Ter conhecido o seu inferno e o seu céu
Ter visto o sangue escorrendo da ferida
É ter sentido o acre sabor da partida
É ter vivido o doce gosto da chegada
Ter esperado até alta madrugada
Aquele amor que não disse se viria
Só é poeta quem compreende, todo dia,
Que neste mundo somos tudo; somos nada.

Só é poeta quem da flor sente o perfume
Que foi doada com amor ao seu amor
Só é poeta quem um dia sentiu a dor
Que rasga o peito com as garras do ciúme
Só é poeta quem um dia chegou ao cume
Do sofrimento e conheceu o seu calvário
É o poeta, do amor, o emissário
Na página em branco ele tem a maestria
De reescrever o universo em poesia 
Pra cavalgá-lo em seu corcel imaginário.

(João Rodrigues - Reriutaba - Ceará)

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