Certo
dia eu vi
Um
homem correndo
Vestido
de branco
Pra
lá e pra cá
De
um leito pra outro
Sem
paz nem sossego
Os
pés doloridos
Sem
poder parar
Perguntei:
“Ó homem, por que tanta pressa?
Por
que não se senta e vai descansar?”
Em
sua correria
O
homem me olhou
De
rabo de olho
Falou
com voz mansa:
“É
grande a batalha
Entre
a vida e a morte
É
um tribunal
Sem
defesa ou fiança
Por
nem um minuto se pode parar
Pois
nesta corrida, a Morte não cansa.
“São
tantos pulmões
Implorando
por ar
Milhares
de corpos
Implorando
por leito
Corpos
que perderam
A corrida da vida
A corrida da vida
Que
a Morte os levou
Ceifando
de eito
Milhares
de vidas ainda partirão
Por
falta de um pouco de ar em seu peito.
“Já
não aguento
De
ver tanta dor
De
ver tanta gente
Inerte,
entubada
A
Morte do lado
Sorrindo,
à espreita
E
um corpo chegando
No
fim da jornada
A
Morte puxando, querendo levá-lo
Ele
resistindo, à vida agarrada.
“Minuto
a minuto
Escuto
um silvo
Dizendo
que a vida
De
um acabou
Desocupo
o leito
Depressa,
correndo
Ponho
neste leito
Mais
um que chegou
E
a Morte incansável, cumpriu seu papel
Na
sua agenda mais um anotou.
“Portanto,
amigo
Estou
numa guerra
Mesmo
tão cansado
Não
vou descansar
Pois
meu inimigo
Também
não descansa
Não
quer paz nem trégua
Só
quer guerrear
Se
eu parar a luta também para a vida
E
a luta da vida não pode parar.”
João
Rodrigues – Reriutaba – Ceará
Nenhum comentário:
Postar um comentário
JOgue seu comentário no Uru.