quarta-feira, 29 de julho de 2020

Poema "Agricultor"





Curtido do sol e da luta pesada,
De pele queimada, de mão forte e grossa.
Levanta cedinho e parte pra lida.
Assim é a vida do homem da roça.

Afia sua foice, machado ou enxada
E vai pra jornada, pro duro rojão.
Mal conhece as letras, tampouco é formado;
Mas tem doutorado nas coisas do chão.

Se tem o ginásio, talvez incompleto,
Mas analfabeto não é, com certeza!
Talvez um poema não saiba fazer,
Porém sabe ler a mãe Natureza.

Se o relampo corta o nascente, ligeiro
Corre pro terreiro, pro céu fica olhando
E fala sozinho: “Acabou-se o inferno!”
Pois sabe que o inverno tá quase chegando.

Quando a chuva cai, ele abre o chão,
Faz sua plantação. E a pegada é dura!
Mas logo depois já chega a colheita,
E ele se deleita com tanta fartura!

Pois esta é a vida do agricultor:
Um batalhador que produz seu pão.
Cidadão distinto, sem fama, sem nome...
Mas que mata a fome de toda nação.

João Rodrigues – Reriutaba – Ceará


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