1
Germinado nas entranhas do sertão
Tem as raízes encravadas no Nordeste
E não há neste mundo quem conteste
Que o forró não pertença ao nosso chão
Cresceu, voou, despediu-se do torrão
Rompeu tabu, percorrendo longa estrada
Longe do sertão enfrentou dura jornada
Mas resistiu como o bravo juazeiro
Em outras terras surgiu como forasteiro
Mas teve, enfim, sua glória conquistada.
2
Mas se fizerem um mergulho na história
Encontrarão um sanfoneiro lendário
Lá em Exu, e tem por nome Januário
Que do forró deu início à trajetória
Gonzagão continuou, levou-lhe à glória
Espalhando a fama ao Brasil inteiro
Ao se tornar um ilustre sanfoneiro
Quem ouviu o Velho Lua nunca esquece
Ficou famoso ao criar o vira-e-mexe
Na então bela capital Rio de Janeiro.
3
Daí em diante o forró teve sua vez
De Norte a Sul, muito bem representado
Em solo fértil foi o forró semeado
Outros brotaram: João do Vale, Marinês...
Do mesmo solo inda nasceram mais três
Zé Dantas, Humberto e Zé Marculino
Apresentando um forró bem nordestino
Vieram outros, que também se consagraram
Brasil afora esta semente espalharam
E do Nordeste Asa Branca virou hino.
4
Sem esquecer nosso Jackson do Pandeiro
Que foi gigante no forró tradicional
De grande estilo, talentoso, genial
Foi bom de coco, de rojão, ritmo ligeiro
Dominguinhos foi um grande sanfoneiro
Mestre Sivuca tinha um estilo arrojado
E Marinês foi rainha do xaxado
Trio Nordestino também tá neste plantel
Que ao forró de pé-de-serra foi fiel
Com seu talento foi por Deus presenteado.
5
Tanto o xaxado, quanto o xote e o baião
São todos frutos colhidos do mesmo cacho
Correntes d’água vindas do mesmo riacho
Filhos brotados todos da mesma paixão
Mas cada um tem seu pai por adoção
Compondo assim cada um o seu destino
Temos no xote o grande Zé Marculino
Vamos de Humberto com Zé Dantas no baião
Além, é claro, do imortal Gonzagão
Um grande artista e sanfoneiro genuíno.
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Após São Pedro abrir o portão do céu
Para a entrada triunfal de Gonzagão
Outros artistas deram continuação
Ao seu trabalho. Por exemplo: Maciel
Accyole Neto, Antônio Barros, Cecéu
Petrúcio, Adelson, tudo gente de primeira
Flávio José e a grande Irah Caldeira
Flávio Leandro e Santana, o cantador
Resgataram o forró e com louvor
O colocaram na cultura brasileira.
7
Mas o forró começou lá no sertão
Numa casinha qualquer de chão batido
E o povo, que naquele sacudido,
Arrastava os seus pés pelo salão
No claro da lamparina ou lampião
Dois corpos, de repente, se colavam
E dançavam, e às vezes se amavam
Contagiados pelo espírito da alegria
Só paravam quando a noite já morria
E os raios do astro-rei ressuscitavam.
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O forró é uma dança nordestina
E é um gênero bastante popular
É muito fácil e bem gostoso de dançar
Que a todos ele encanta e que fascina
Mas o espírito do cabôco se ilumina
Quando ele escuta o triângulo e o pandeiro
E quando o dedo do afoito sanfoneiro
Faz o seu fole gemer sem sentir dor
A alma vibra e se aquece com o calor
E com a poeira que levanta do terreiro.
João Rodrigues
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