terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Contas



Contas! Por que vós sois, assim, intermináveis?
Nunca se cansam... e nos chegam a toda hora!
E, de súbito, vai-se o parco ganho embora
E logo surgem, mais uma vez, indomáveis.

Finda-se o mês e já chegam, imperdoáveis,
Para atormentar as mentes que outrora
Eram tranquilas, e que já não o são agora,
Pois vós chegastes, reles cães abomináveis!

Vêm até nós como um bravo explorador
E nos saqueiam o que temos de valor –
Nosso suor, que todo dia derramamos.

São as tais contas um monstro cruel, horrível,
Indesejado por todos, um ser temível!

Mas é um monstro que nós próprios o criamos.

João Rodrigues

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