domingo, 27 de setembro de 2015

Sertão: Duas Almas


Chão desvalido, rachado e estéril,
Sem seiva, sem relva, sem sangue, sem brio,
Que traz o fantasma da fome, funéreo,
Dentes afiados, de olhar sombrio.

Outrora vivaz, majestoso, etéreo;
Solo produtivo, tão fértil e bravio.
A seca insolente lança-te impropério,
Torna-te impotente, inútil, vazio.

Mas quando São Pedro do topo do céu
Banha a caatinga com o finíssimo véu,
Saciando a sede, florindo o sertão,

Alegra-se o gado, sorri o lavrador,
Que canta louvores a Deus Salvador
Por trazer à terra a ressurreição.

Retirada do livro RESISTÊNCIA,  de João Rodrigues

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