Seu
moço um dia escutei
Falar
na televisão
Na
tal globalização
E
muito me preocupei
Confesso
que hoje num sei
Ainda
o que quer dizer
Procurei
compreender
E
ainda hoje pelejo
Pois
tudo enquanto que vejo
Seu
moço eu quero saber.
Vejo
o repórter falando
Em
coisas que não entendo
Quase
nada compreendo
Mas
eu fico observando
E
ele lá explicando:
Per
capita e importação
Bolsa
de valor, Japão
Déficit,
terrorismo, CIA
Chip,
tecnologia
Euro,
dólar, cotação...
Em
meus tempos de menino
Era
tudo tão normal
Veio
a era digital
Para
mudar o destino
Às
vezes eu imagino
Que
as crianças de hoje em dia
Sabem
mais do que eu sabia
Quando
eu era criancinha
Pois
em meu tempo não tinha
A
tal tecnologia.
Sabe,
eu muito resisti
A
aceitar a mudança
Eu
tinha desconfiança
Que
isso nada valia
Até
que num certo dia
Ganhei
um tal celular
Meti
o pau a ligar
Falei
com Deus e o mundo
E
gastei mundos e fundos
Pra
mode a conta pagar.
Como
eu fiquei revoltado
Com
aquela situação
Fiquei
sem nem um tostão
Deixei
o bicho de lado
Mas
depois, mais relaxado
Resolvi
ficar com ele
Pois
um bicho igual àquele
Devia
de ser importante
Daquele
dia em diante
Nunca
mais me larguei dele.
Dias
depois ouvi falar
De
uma tal internet
Pensei:
“Lá vem outra peste
Pra
mode me perturbar.”
Meu
filho foi me explicar
Como
ela funcionava
Quanto
mais ele explicava
Menos
eu compreendia
A
tal tecnologia
Em
mi’a mente não entrava.
Até
que meu filho entrou
Em
um tal de Facebook
Meu
coração em batuque
Pois
muito me admirou
Quando
ele cutucou
Um
amigo no estrangeiro
Mudou
pro Rio de Janeiro
Falou
com mi’a filha Aninha
Conversou
com mi’a netinha
E
assim foi o dia inteiro.
Falei
com um montão de gente
Mandei
recado e mensagens
Postei
fotos e imagens
Me
senti adolescente
Que
negócio inteligente
Esse
tal computador
É
um bicho espantador
E
mesmo sem ter dinheiro
Navego
no mundo inteiro
Vou
da China ao Equador.
Hoje, InDesign, Corel
MSN, Outlook
E-mail e Facebook
Power point e Excel
Dual-Core,
Pentium, Intel
Disco
rígido, gigabite
Blog,
Twitter e site
Comigo
não tem mutreta
Tudo
isso tiro de letra
Numa
boa, bastante light.
Eu
vivo do meu roçado
E
moro numa palhoça
Mesmo
vivendo na roça
No
mundo sou antenado
Na
Net vivo ligado
Só
pra dar um feedback
Até
me sinto um moleque
Falando
em memória RAM
Ou
jogando numa LAN
Sou
um roceiro hightec.
Poesia extraída do livro "A terra onde fui criado", de João Rodrigues Ferreira
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