quinta-feira, 16 de julho de 2020

Poema "Devaneios"




Certo dia voei pelo firmamento
Seguindo uma estrela, viajei sem medo
E por um segundo, um breve momento
Pus um dos anéis de Saturno no dedo.

Lá de cima vi um enorme arvoredo
Voei até lá, era Éden, o jardim
E falo a verdade, pois não é segredo
Eu juro, era Eva acenando pra mim.

Do seu lado estavam Abel e Caim
Ainda pequenos, brincando de bola
Também vi Adão com um querubim
Bebendo num bar e tocando viola.

Eu vi Salomão, menino, na escola
Moisés na montanha encontrando a luz
Eu vi Bartimeu pedindo uma esmola
E sendo curado por Cristo Jesus.

Cheguei a ver Cristo pregado na cruz
Dimas, o ladrão, morrendo do lado
Do rosto da alma tirando o capuz
E pedindo a Cristo pra ser perdoado.

Do Gólgota parti, sofrendo calado
Cheguei ao Egito, sem norte, sem rumo
E vi um pedreiro de corpo suado
Fazendo pirâmide sem régua e sem prumo.

Na selva amazônica, fazendo um resumo
De um livro que leu, estava o Saci
E o Caipora para ganhar fumo
Cuidava dos dentes de um javali.

Nos alpes suíços brinquei de esqui
Com o homem das neves chamado Iéti
E na Galileia, bem longe dali
Vi Pedro pescando e mascando chiclete.

Vi u’a bela persa fazendo um carpete
Que por um denário queria me vender
Vi Noé fazendo, com um canivete,
A arca que Deus lhe mandou fazer.

Há quem não acredite e fique a dizer
Que tudo é mentira... pura fantasia...
Que é coisa de quem só vive de ler
De escrever poema e fazer poesia.


João Rodrigues - Reriutaba - Ceará 

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